Faltava poucos dias para Isabel Anunnaki completar 10 anos. Ela era princesa de Ti-Koan, mas este pequeno reino já não existia mais. Apenas 7 sobreviventes se levantaram naquele dia, ao meio de destroços do que antes era chamado de lar. Quando o que sobrou do povo avistou Ereshkigal e a pequena Isabel, correram até elas com um sorriso de esperança estampado em suas faces...
- Rainha Ereshkigal, vossa majestade está viva! - Gritavam enquanto corriam.
- Não precisam mais me chamar de Rainha... - Ereshkigal retrucou, quando eles se aproximaram mais... sem aumentar o tom de voz, mantendo sempre a classe, apesar dos olhos vazios...
- Mas Ra... Ereshkigal, por quê...?! - Um aldeão perguntou, quase desacatando a ordem inicial...
- Não precisam mais me chamar de Rainha... - Ereshkigal retrucou, quando eles se aproximaram mais... sem aumentar o tom de voz, mantendo sempre a classe, apesar dos olhos vazios...
- Mas Ra... Ereshkigal, por quê...?! - Um aldeão perguntou, quase desacatando a ordem inicial...
- Olhem à sua volta... Ti-Koan não existe mais... Nergal... Eu estava escondida com Isabel quando Nergal foi capturado por estes bandidos... Eu tive vontade de voar no pescoço de quem encontrou meu marido, mas... eu sei que Nergal nunca me perdoaria se colocasse Isabel em risco... Ele perdeu a vida, e Ti-Koan morreu com ele... - desabafou Ereshkigal, ainda sem mudar o tom de voz, mas com uma lágrima correndo solitária em sua face.
- Mãe... cadê a Cirene...? - Isabel inocentemente pergunta sobre a sua melhor amiga, enquanto segura um ursinho de pano, que rasgou um pouco, no meio dessa confusão...
Ereshkigal se abaixou, para olhar nos olhos de Isabel de frente, como se fosse da mesma altura da filha. Seu coração estava apertado. Como ela poderia poupar sua filha do sofrimento que estava por vir...? Apesar da destruição à sua volta, é como se toda aquela informação não tivesse sido processada pela cabecinha deIsabel. Talvez ela estivesse em choque e estivesse ignorando o que aconteceu alí. Mas Ereshkigal pensou também que ela poderia ter se equivocado na criação de Isabel. Uma criança precisa conhecer o lado duro da vida desde cedo. Deveria ter ensinado que nem todas as crianças tem o que comer todos os dias, que nem toda criança tem carinho dos pais ou ainda, um canto quente e seguro para dormir. Quanto à sua amiguinhaCirene... bem, ela era alguns anos mais velha do que Isabel e Ereshkigal não quer nem pensar no que pode acontecer à ela, caso Cirene tenha sido capturada viva pelos desumanos que compõe o Egeon - Grupo formado na sua maioria por homens. Talvez não exista nada mais triste do que uma situação onde a morte não é o pior desfecho possível.
- Mãeee... Cansei de ficar aqui... Vamos embora... Chama o papai e vamos pra casa, a Cirene deve estar me esperando lá... - Isabel não reconhece mais as ruas do reino que um dia, seria seu...
- Isabel... A mamãe tem um assunto muito sério para falar com você... Você já ouviu falar em bandidos, não é...? - Cuidadosamente, Ereshkigal pergunta à Isabel...
- Mãe... cadê a Cirene...? - Isabel inocentemente pergunta sobre a sua melhor amiga, enquanto segura um ursinho de pano, que rasgou um pouco, no meio dessa confusão...
Ereshkigal se abaixou, para olhar nos olhos de Isabel de frente, como se fosse da mesma altura da filha. Seu coração estava apertado. Como ela poderia poupar sua filha do sofrimento que estava por vir...? Apesar da destruição à sua volta, é como se toda aquela informação não tivesse sido processada pela cabecinha deIsabel. Talvez ela estivesse em choque e estivesse ignorando o que aconteceu alí. Mas Ereshkigal pensou também que ela poderia ter se equivocado na criação de Isabel. Uma criança precisa conhecer o lado duro da vida desde cedo. Deveria ter ensinado que nem todas as crianças tem o que comer todos os dias, que nem toda criança tem carinho dos pais ou ainda, um canto quente e seguro para dormir. Quanto à sua amiguinhaCirene... bem, ela era alguns anos mais velha do que Isabel e Ereshkigal não quer nem pensar no que pode acontecer à ela, caso Cirene tenha sido capturada viva pelos desumanos que compõe o Egeon - Grupo formado na sua maioria por homens. Talvez não exista nada mais triste do que uma situação onde a morte não é o pior desfecho possível.
- Mãeee... Cansei de ficar aqui... Vamos embora... Chama o papai e vamos pra casa, a Cirene deve estar me esperando lá... - Isabel não reconhece mais as ruas do reino que um dia, seria seu...
- Isabel... A mamãe tem um assunto muito sério para falar com você... Você já ouviu falar em bandidos, não é...? - Cuidadosamente, Ereshkigal pergunta à Isabel...
- Claro... Bandidos são maus... - Conclui Isabel... Apertando os olhos, fazendo cada de má...
- Isso... Bandidos vieram até o nosso reino, e acabaram com tudo o que é nosso...
Isabel ficou em silêncio. Aparentemente, o sonho ruim da noite anterior, onde ela e a mãe ficaram escondidas entre gritos desesperados de corações privados de esperanças, não tinha sido apenas um pesadelo. Os olhos se arregalaram, o semblante foi ficando mais pesado. Mesmo assim, ela não chorou...
- Filha... preciso que você seja forte... Você precisa tomar conta do seu ursinho... - Ereshkigal ajeita o ursinho de pano que está nos braços de Isabel... - não deixa ele se machucar, ok...?
- Tá bom... - Isabel concorda, sem prestar muita atenção... Ela ainda estava tentando entender tudo o que aconteceu... Viver num mundo de riqueza e fantasia 'cor-de-rosa' a deixou muito inocente.
- Mas Ereshkigal, o que faremos...?! - Interrompeu um aldeão sobrevivente.
- Caros amigos... Ti-Koan definitivamente não existe mais... Vamos nos unir e enterrar os mortos, depois, cada um irá seguir o seu próprio caminho... - Ereshkigal dá a última 'ordem' ao que restou de seu povo.
- Caros amigos... Ti-Koan definitivamente não existe mais... Vamos nos unir e enterrar os mortos, depois, cada um irá seguir o seu próprio caminho... - Ereshkigal dá a última 'ordem' ao que restou de seu povo.
Depois de algumas horas, o 'serviço' foi concluído. Note que não fizeram uma cova para cada um, isso levaria mais tempo. Apenas juntaram a pilha de corpos e jogaram terra por cima, para que nenhum tipo de animal selvagem pudesse se servir como em um banquete. Era hora de partir. Ereshkigal tomou cuidado e trocou a sua roupa, assim como as roupas de Isabel, pois agora elas eram pobres. Andar por aí com vestidos nobres, além de nada eficientes no meio do mato, poderia chamar a atenção de mais bandidos. Elas decidiram seguir em direção do Reino de Ishtar, mas os outros sobreviventes preferiram seguir seu orgulho próprio e tomaram um caminho diferente: Eles não voltariam à um lugar que eles renegaram, anos atrás. Ishtar era a civilização mais próxima, mas mesmo assim, seria uma boa caminhada. Com sorte, mãe e filha chegariam ao seu destino, no começo do anoitecer.
A melhor amiga de infância de Isabel era uma garota muito corajosa. Provavelmente teria enfrentado oEgeon de cabeça erguida. Resolvi chamá-la de Cirene na Terra, pois este nome pertenceu à uma Ninfa da Mitologia Grega que enfrentou um leão que estava atacando o rebanho de seu pai, à unha. Acredito que a amiga de Isabel seria capaz de fazer o mesmo para salvar sua família.
Cirene era de uma família conhecida pelo seu 'senso de justiça absoluto, que pune transgressões'. Aqui vamos chamar de família Alecto, que na mitologia greco-romana, é uma divindade que pune delitos morais, como por exemplo, a soberba. Os Alectos de Ti-Koan morreram no massacre, o corpo deCirene Alecto nunca foi encontrado, mas ainda existem um pequeno núcleo desta família em Ishtar.
Cirene era de uma família conhecida pelo seu 'senso de justiça absoluto, que pune transgressões'. Aqui vamos chamar de família Alecto, que na mitologia greco-romana, é uma divindade que pune delitos morais, como por exemplo, a soberba. Os Alectos de Ti-Koan morreram no massacre, o corpo deCirene Alecto nunca foi encontrado, mas ainda existem um pequeno núcleo desta família em Ishtar.
Algumas horas depois, seguindo pela trilha que leva ao Reino de Ishtar, Ereshkigal e Isabel começaram a ver algum movimento. De vez em quando, uma ou outra carroça de transporte de alimentos cruzava em sentido contrário. Isabel sempre gostou de cavalos, mas não tinha nenhum ânimo para apreciá-los, neste momento. Uma dessas carroças, guiada por um generoso trabalhador, ofereceu dois fartos pedaços de pão sovado às duas, mas apesar de simpático, não parou para conversar. Apenas fez a boa ação e seguiu sua viagem.
À medida que elas avançavam pelo caminho, a noite se aproximava e a trilha ia ficando cada vez mais deserta. Infelizmente nenhuma carroça em sentido à Ishtar ofereceu carona. Mas também se alguém oferecesse, Ereshkigal não sabia se aceitaria. Era perigoso demais para uma mulher normal, muito mais perigoso para uma mulher bela e bem cuidada como ela. Ela podia estar abatida, trajando roupas simples e até mesmo, meio suja. Mas era fácil perceber a sua classe de mulher nobre, mesmo naquela situação. Como foi dito no capítulo anterior, a família Anunnaki gerou por séculos, belas mulheres que com estudo, educação e um pouco de sorte, acabavam se casando com príncipes - seja de Ishtar ou de outros reinos. Ereshkigal pode até não ser uma Anunnaki de berço, mas precisava ser igualmente bela e culta para gerar verdadeiras Anunnakis, como Isabel.
Ainda havia sol, quando de repente, algo enorme salta de trás das árvores, pulando bem em frente às duas.Isabel, sem largar o ursinho de pano, se agarra à perna da sua mãe. Já Ereshkigal permanece imóvel.
- 'Roaarr' - Uma criatura muito grande, sem pelos, quase humana mas com capacidade intelectual muito reduzida, rosnou para as duas.
Era o que podemos chamar de Orcus, que em latim significa 'Divindade Infernal'. E antes que você pergunte, sim, em seu cardápio consta carne humana. Porém este tipo de Orcus que habita as redondezas de Ishtar e as montanhas mais ao norte, tinha uma certa dificuldade de encontrar o seu prato principal. Na falta dele, esta raça se alimenta de outros mamíferos menores.
Apesar da falta de inteligência, era fácil notar que as duas viajantes eram muito menores do que ele, e por isso, ele gritava muito alto. O plano básico dele era 'congelar' suas vítimas de medo, para depois tentar agarrá-las. Ele era grande e muito lento. Bom, era um plano simples, mas estava funcionando...
De repente, Ereshkigal sente a presença de uma outra carroça se aproximando, por trás delas, em direção à Ishtar. Ela achou estranho, pois ela ouviu apenas as rodas de madeira no chão... Não o trotoar dos cavalos... Ela não queria olhar para trás, pois sabia que aquele monstro iria aproveitar a distração para agarrar as duas. Foi quando de repente, o Orcus parou de gritar, e olhou para a carroça, pensando no que ele iria fazer...
- 'Rápido, corram para o lado direito da trilha...' - Uma voz aparentando uma idade avançada, porém cheia de energia, dá a ordem.
Não havia o que pensar. O viajante que acabara de chegar deveria ter uma visão melhor do que estava acontecendo devido à distância. Ereshkigal agarra Isabel e pula para a direita, caindo no canto direito da trilha, segurando sua filha para não se machucar, usando o próprio corpo como amortecedor do impacto. Em seguida, ela e Isabel viram o rosto para observar o dono da voz amiga e ver se ele teria alguma solução, pois oOrcus estava parado, olhando em direção da carroça...
Não havia o que pensar. O viajante que acabara de chegar deveria ter uma visão melhor do que estava acontecendo devido à distância. Ereshkigal agarra Isabel e pula para a direita, caindo no canto direito da trilha, segurando sua filha para não se machucar, usando o próprio corpo como amortecedor do impacto. Em seguida, ela e Isabel viram o rosto para observar o dono da voz amiga e ver se ele teria alguma solução, pois oOrcus estava parado, olhando em direção da carroça...
Para a surpresa de Ereshkigal, a carroça não tinha... cavalos! E o viajante era um velho barbudo trajando roupas escuras e segurando um pedaço de madeira, hum... não... olhando melhor, ela viu que era umcetro! Ereshkigal ficou um pouco mais calma, pois o viajante parecia ser um Mago! Ele deveria saber o que fazer para salvar as duas...
O Mago apontou seu cetro para o alto e em seguida, inclinou o seu artefato mágico em direção à criatura, enquanto movia também, a outra mão. Sem mudar a fisionomia, pronunciou algo que Ereshkigal não conseguiu ouvir. Bem neste momento, o Orcus começou a se mexer, correndo em direção do Mago, como um touro insano. Dez passos desajeitados depois, a criatura já estava de costas para Ereshkigal e Isabel, faltando apenas alguns poucos metros para alcançar o ancião viajante. Foi quando uma energia negra saiu do cetro e atingiu aquele Orcus, fazendo-o cair para trás, já sem vida. Quando Ereshkigal viu aquela massa indo ao chão, se preparou para o estrondo que todo aquele peso faria, ao se estatelar no chão. Mas nada aconteceu! A magia consumiu o cadáver da criatura, antes mesmo dele tocar as pedras que formavam aquela trilha.
O velho Mago calmamente voltou à sua postura inicial, e com um simples sinal com as mãos, a carroça começou a se movimentar, em direção ao Reino de Ishtar. Isabel assistiu tudo aquilo com um sorriso no canto da boca e olhos vidrados, quase sem piscar. Quando a estranha carroça passou por elas, Ereshkigal disse:
- Posso ao menos saber o nome do nosso salvador...?
- Pode me chamar de Victor... - Disse o Mago.
- Obrigada Mago Victor! - Completou Isabel, sorridente, segurando seu ursinho de pano.
- Hum... - Resmungou o mago, olhando Isabel nos olhos, mas sem mudar um único músculo em sua face.
- Posso ao menos saber o nome do nosso salvador...?
- Pode me chamar de Victor... - Disse o Mago.
- Obrigada Mago Victor! - Completou Isabel, sorridente, segurando seu ursinho de pano.
- Hum... - Resmungou o mago, olhando Isabel nos olhos, mas sem mudar um único músculo em sua face.
Ereshkigal não quis forçar a barra, afinal, o Mago Victor acabou de salvar a vida dela e de sua filha, mas ele não disse o sobrenome!!! Ninguém esqueceria de dizer seu sobrenome ao se apresentar em Syn, a menos que esta pessoa esteja escondendo algo. Mas Ereshkigal preferiu ficar quieta. Ela acabou de se lembrar, que também não é o melhor momento para dizer que é uma Anunnaki. Seja como for, Victor continuou seguindo seu caminho, e as duas tentaram seguí-lo. Pelo menos, tentaram ficar por perto, tentando não incomodar o seu salvador. A carroça não era lenta, depois de alguns minutos, era difícil acompanhá-la à pé, ainda mais com uma criança de 10 anos cansada e com sono fazendo peso. Mas mãe é mãe, e por muitos metros,Ereshkigal carregou Isabel no colo.
Na verdade, em Syn o nome deste Mago Negro tem um fonema parecido com a palavra 'Conquista'. Então, de certa forma, o nome dele era associado como 'Aquele que conquista' ou 'O Conquistador', pelas pessoas à sua volta. Então, na Terra, vamos usar o nome Victor, que seria algo próximo de 'O Conquistador' em latim.
Quando a carroça sumiu da vista, Ereshkigal começou a ficar preocupada. Mas logo avistou o castelo deIshtar! Já estavam chegando ao seu destino! A caminhada continuou por mais alguns minutos, mas já era noite e as duas estavam exaustas. Ao pisar nas ruas de Ishtar, Ereshkigal e Isabel invadiram o estábulo de uma casa próxima, se acomodaram sobre o feno dos cavalos e caíram no sono.
Syn'Stories: Isabel e o Mago Negro [ 28 de Abril de 2008 ]
Criação & Desenvolvimento: Armando Schiavon Dias 'J.Maximus'
Controle de Qualidade: Luciane Orlando 'Gwen'
Desenhos: Georges Duarte
Cores: Geraldo Filho
Não perca o próximo capítulo de Syn'Stories: O Mestre e a pequena Aprendiz
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