- O quê? Devorar? - Erick após se pronunciar muito rapidamente atropelando as palavras e se afasta para trás, arrastando-se. A garota-criatura avançava acompanhando o movimento e velocidade de Erick. Dois passos depois, em um urro animal, as presas das garotas brotam da carne que compunha a gengiva dela.
'Ai Meu Deus...' Suzane abraça Mário fortemente e esconde sua face sobre o ombro do namorado. Mário inerte tentava através de carícias estimular a calma em Suzane e aproveitava para olhar a situação e detectar alguma maneira de saírem ilesos daquela situação. Seus olhos passavam vagarosamente por cada uma das três criaturas. As imagens daqueles seres repugnantes não lhe eram estranhas, ele tinha a estranha sensação de já ter visto alguma criatura com aquele mesmo aspecto em algum lugar, nem que fosse em um livro ou coisa parecida. Mário exteriormente parecia esbanjar uma calma incomum, mas lá no fundo uma sensação de medo possuía-lhe as entranhas, já Suzane e Erick não conseguiam ocultar seus medos.
A criatura mais magra que vestia uma roupa longa e escura, dando a ela um ar mais sombrio vira-se e fitaMário e Suzane. Nesse movimento Mário então detecta o que serviu de estopim para que ele se recordasse onde vira coisas parecidas com aquelas criaturas.
'Aquele símbolo... Caninos. Essa aparência e esse símbolo. Já sei do que se tratam... '
Mário em seus pensamentos se referia a um símbolo que tinha o formato de uma máscara usada nos teatros para representar eventos de Comédia e Tragédia na Idade Média da Terra. Sim, aquelas máscaras que ficaram idealizadas como o símbolo do teatro, mas na manga da criatura vestida com o sobretudo estava em unidade e não em par como geralmente se via.
'Nosferatus...'
A criatura vestida com um sobretudo negro não apresentava nenhum movimento, exceto por seus globos oculares que bailavam para lá e para cá na cavidade do olho dela.
Em sua mente ele sabia que Mário não sentia o que aparentava. A habilidade de percepção da aura, disciplina comum no clã Nosferatu, denunciava, pela cor da aura de Mário, o verdadeiro estado de espírito do garoto. E isso fazia que a criatura sentisse euforia. Ela se sentia, naquele instante, o ser mais poderoso da face do universo!
'Mas como? Eu achei que essas criaturas fossem personagens fictícios de RPG. O que está realmente acontecendo aqui? Será que estou em um pesadelo?' A mente calculista de Mário buscava algo que o pudesse prender ao real. Ele nunca acreditou na existência de vampiros e não tinha o mínimo interesse em saber mais sobre essas criaturas, afinal sua religião pregava a inexistência de tais criaturas no universo. Se uma parcela de seus amigos não jogassem Vampiro: A Máscara ele nunca conseguiria deduzir que aquelas criaturas medonhas se tratavam de vampiros.
O vampiro com um porte maior avança com passos pesados contra Mário e Suzane.
- Dokemmash Sibele... - O outro vampiro concorda com um balançar afirmativo de cabeça e avança à mesma velocidade que seu parceiro de raça.
'Droga... Eles estão vindo pra cá. Pensa Mário, Pensa!'
Alguns segundos depois o vampiro que trajava o sobretudo negro passa a inspirar o cheiro emanado porMário. Ele quase que podia sentir o cheiro de sangue fresco sendo emanado dos poros do garoto. O outroNosferatu não perdia tempo e com seus potentes braços prendia o frágil corpo de Suzane contra a parede ameaçando cravar suas presas no pescoço da garota.
Ele teria conseguido realizar com sucesso a ação caso um ruído estridente e contínuo não perturbasse seus sentidos deveras aguçados. Maldito auspícios. Por que teria que ser tão eficiente naquela hora? Márioavançava com o aparelho celular que fazia aquele ruído bastante incômodo para os sentidos aguçados dosNosferatus para próximo da cavidade auricular do vampiro que ameaçava Suzane. Aos poucos o vampiro ia se afastando, atordoado. Tentou pedir ajuda ao seu amigo de sobretudo mas logo ele percebera que seu amigo estava no mesmo estado que ele.
Do outro lado da sala, a vampira cessa seu ataque contra Erick e volta seu olhar para trás. Ela começava a ficar levemente atordoada, e precisava parar com aquele incômodo terrível. Com as mãos sobre os ouvidos ela avança. Talvez suas mãos não impedissem que aquele som penetrasse através de seus tímpanos e invadisse seu cérebro, mas com certeza amenizaria a sensação de atordoamento mental. Mas ela não iria muito longe, minutos depois uma rápida e certeira flecha atravessa o ar e atinge em cheio o peito da criatura vampiresca. Golpe certeiro, mas não fatal.
A criatura sucumbiu sem qualquer outro movimento após o golpe que atingira seu peito. À porta surgia um homem portando uma besta, com roupas grosseiras e barba por fazer. A início, julgando apenas por sua habilidade com a besta, suas roupas, sua aparência física e seu modo de andar e gesticular, poder-se-ia julgar aquele homem um caçador de lobos ou coisa semelhante. Ele vinha a lentos passos aproximando-se dos três adolescentes, com um sorriso estampado no rosto. As outras duas criaturas vampirescas ainda estavam deveras atordoadas, permanecendo de forma curvada e olhando para o homem que caminhava na direção deles.
- This. It continues. It continues with the racket is making effect in the auspices of them. - O homem falava enquanto olhava sorrindo para Mário. Sua dicção era falha e não era tão fluente como se um americano ou britânico acabasse de dizer aquelas palavras.
Mário assente afirmativamente com a cabeça e continua a aproximar o aparelho celular dos ouvidos dosNosferatus. O homem desconhecido fica próximo ao vampiro mais robusto e se torna alvo de um soco desse mesmo vampiro, mas com o cabo da besta o homem consegue interceptar o golpe horizontal vindo doNosferatu.
Com destreza considerável, o homem puxa de algum lugar próximo à sua bota um facão visivelmente afiado e o deixa pairar no ar até o momento que com a mesma mão ele o pega ainda no ar. Em um golpe certeiro ele atinge o pescoço do vampiro e vê a cabeça do mesmo sendo descolada violentamente do corpo. O corpo robusto daquele vampiro lentamente vai perdendo o equilíbrio e repousando sobre o chão, sua cabeça ainda pairava no ar e o homem portando o facão girava seu corpo tomando novamente uma posição ofensiva agora contra o vampiro vestido com o sobretudo.
Mário, impressionado com a habilidade corporal descomunal para aquele corpo tão largo, sente que a mão que segurava seu aparelho celular havia sido atingida por um violento golpe. O aparelho é arremessado contra o teto e se desmancha em dezenas de pedaços. Erick, por sua vez, recorre para o copo de metal próximo aos seus pés, mas o objeto é atingido por um chute do mesmo vampiro que tirou o celular das mãos de Mário, aquele vampiro trajado com o sobretudo. Naquele instante o homem que aparentava um caçador de lobos avança com um golpe vertical de baixo para cima na direção do vampiro, mas é rapidamente interceptado por uma cotovelada desse mesmo vampiro que continua a seqüencia de golpes com um certeiro golpe na região estomacal do 'caçador de lobos'.
O homem solta o facão devido à violência do golpe recebido e sente seu corpo sendo arremessado pelo ar até se encontrar com a parede que dividia a parte interna da parte externa da casa. O vampiro avança em passos rápidos e tenta acertar o corpo do até então, caído 'caçador de lobos' que gira seu corpo para não ser atingido novamente.
- Daërunmege! Fenris Gurge! Ash Dokdephash! - O vampiro fala isso logo após uma longa inspirada no ar que o rodeava.
O homem atinge as pernas do vampiro com um chute horizontal fazendo-o perder o equilíbrio e cair numa posição de quatro, sendo sustentada pelos braços. O homem se levanta e com passos rápidos segue para a saída da casa. Ele teria conseguido se uma das mãos do vampiro não segurasse uma das pernas dele. O homem em um giro atinge com o chute o rosto do vampiro que finalmente solta sua perna. O homem consegue alcançar a saída e logo depois é acompanhado pelo Nosferatu que ainda cambaleava devido ao golpe que recebera no rosto.
Mário corre para o outro cômodo para ter uma melhor visão do que estava acontecendo, Suzane e Erick ainda permanecem em suas antigas posições, ainda abismados com o impressionante combate que acabaram de presenciar. Mário então consegue ver o vampiro ser interceptado e pressionado contra a parede pelo antebraço do 'caçador de lobos' e logo depois ser atingido por dois fortes socos no rosto.
Ao horizonte o sol ia resplandecendo com seus raios e iluminando gradativamente todo aquele lugar. Aquele clarão solar incomodava o ser vampiresco. Era como se aqueles raios penetrassem em seu interior e o queimassem lentamente por dentro. Ele gritava de dor. O 'caçador de lobos' apresentava em seu rosto um sorriso escancarado. Enfim ele solta o corpo da criatura vestida com o sobretudo que cai, sem forças, no chão.
- Pff... Cursed Blood-Suck Wyrm's Slave!
A uma distância consideravelmente grande daquele lugar, mais especificamente no depósito onde Camillahavia sido mantida em seu rapto, a polícia finalmente averiguava o local. Lá fora haviam três carros da PM, sendo que um desses pertencia ao Grupo de Operações Especiais (GOE), e alguns policiais que davam cobertura para um investigador, um policial e dois membros da perícia que haviam entrado no galpão. O policial matinha uma posição ofensiva, com uma 9mm em mãos enquanto caminhava, um dos peritos estava encostado na entrada do galpão apenas anotando o que o outro membro da perícia dizia e lá dentro o investigador caminhava por entre 7 corpos. Esses cadáveres apresentavam a região tronco-abdominal despedaçada e os olhos fora da órbita.
- Meu Deus! O que aconteceu aqui? – Pasmo o investigador analisava os corpos, remexendo-os com os pés e demonstrava repulsa ao olhar para os órgãos expostos das vítimas ali - O que diabos faria uma coisa dessas?- anota em um bloquinho - O que fez isso definitivamente não é um ser humano. - Anota essa mesma frase.
Alguns passos à frente e ele se depara com o corpo de Fabrício encostado na parede próxima à porta. O cadáver apresentava um rasgo que partia de sua boca e atingia a região abdominal do policial. Naquele estado, segundo o investigador, a vítima só poderia ter sido atacada por um animal que estava querendo entrar ou sair do corpo da vítima.
Língua Ornickenha
Daërunmege = Lobisomen ( Däerun = Homem e Mege = Lobo )
Fenris Gurge = Filho de Fenris ( Gurge = Filho. No caso no texto o Nosferatu se refere ao Clã Crias de Fenris de Lobisomem: O Apocalipse)
Dokedephash = Irei ( Dok = indicativo de futuro, Edeph = Ir e Ash =eu)
Ash = Eu
Língua Inglesa
'This. It continues. It continues with the racket is making effect in the auspices of them'
Isso continue. Continue com o barulho. Ele está fazendo efeito no auspícios dele.
'Pff... Cursed Blood-Suck Wyrm's Slave!'
Pff... Maldito Sangue-suga escravo de Wyrm
Neste caso, escravo de Wyrm se refere à miologia de Lobisomem: O Apocalipse que dita que cada ser maléfico, e os lobisomens vêem todos os vampiros assim, independente se são ou não maléficos, está corrompido por Wyrm que é uma das três senhoras do destino da mitologia Garou.