E.G.O EPISODIO 4

Os sentidos de uma pessoa em período de inconsciência não são totalmente desligados, mas seus poderes de percepção são reduzidos e nada que acontece no momento da inconsciência pode ser percebido de tal forma que altere a neutralidade mental. Em algum momento o olfato trouxe consigo um cheiro fétido e muito forte, isso era um sinal que as horas de inércia mental e inconsciência haviam acabado. Uma dor aguda na cabeça predominava, isso fora as dores em todos os ossos do corpo, parecia até que havia sido moído e depois reconstituído. Aos poucos ele se colocava em posição sentada, suas mãos quase que automaticamente se dirigiram para a região capilar da cabeça, como se aquilo fosse amenizar sua dor, mas é claro que não ia. Tolas manias humanas!

Mário enfim retoma a visão. Seus olhos permaneceram fechados durante o movimento de se colocar sentado. Ele estava totalmente perdido, o cérebro dele, que acabara de retomar as tarefas de comando corporal rotineiras, ainda estava baqueado. E por fim, quando Mário consegue assimilar as imagens que captava com o globo ocular com seus registros de lembranças ele constatava que nunca vira aquele lugar antes. 

'Ai.. Que dor é essa. Estou todo moído. O que será que aconteceu comigo?

Mário dá uma olhada ao redor e se depara com outra pessoa estirada de forma desajeitada no chão. Só depois ele percebe que se tratava de Erick

'Onde eu estou? Eu morri?' A visão de Erick ali estirado traz de volta as últimas imagens que vira: Fabrício com uma arma apontada para ele e as imagens do galpão que iam ficando embaçadas. 

Mário passa a mão no seu ombro esquerdo e tira de lá algo fino que o incomodava.

'Um dardo tranqüilizante? Então quer dizer que... 

- ErickErick... Mário balança freneticamente o amigo com a intenção de despertá-lo - Acorda Erick

- Anh? Mamãe? Não Mãe, não quero almoçar agora não...

- Que Mãe, Erick? Sou eu poxa! Mário. ACORDAA!

- Ahn? O que? O que aconteceu? Cadê Camilla?

- Também não sei... - O diálogo dos dois é interrompido por um grito.

- AAAAAAAAAAAHHH

Mário Erick obviamente se dirigem para o local. Lá se deparam com quem menos esperam.

Ahh... O que é isso? Suzane olhava um cadáver ensangüentado no chão. O corpo do cadáver estava bastante ferido -Onde estou? - Só então ela percebe que Mário Erick a observavam - Mário- Ela corre e abraça Mário. Sua tensão é descarregada naquele instante, a ofegação da garota se acentuava cada vez mais.

- Calma Suzane... Mário acariciava os cabelos da namorada, era como se estivesse acalmando um animal furioso - Respira fundo. Suzane obedecia Mário e aos poucos sua tensão ia decrescendo, parecia até mágica - Agora me conta, o que aconteceu aqui?

Suzane ainda emana dois leves suspiros, quase imperceptíveis e começa a falar.

- ... Eu estava em casa. Estava me arrumando para ir dormir. Até que... Até que eu ouvi um barulho vindo da janela. Eu imaginei que fosse o vento, fui abri a janela pra me certificar, não vi nada demais e voltei a deitar. Depois quando eu estava quase dormindo o barulho de novo, ah... Eu tinha fechado a janela na primeira vez que eu fui olhar. Ai tá né? Quando eu percebi a janela estava aberta de novo, achei estranho, né? Mas eu fui lá fechar de novo só que eu senti uma mão pegando no meu ombro, quando fui ver era um homem que eu nunca tinha visto na minha vida! - pausa - Depois disso só me lembro de aparecer aqui e dar de cara com aquele morto ali, ó. Susane aponta com cara de nojo um cadáver, em decomposição estirado no chão. Pequenos vermes saiam e entravam pelas entranhas do cadáver, fazendo que aquela imagem ficasse ainda mais repulsiva e nauseante.

Mário coloca os dedos polegar e indicador no queixo movimentando-os levemente, seus olhos ficaram vagos e passavam a fitar o nada. O silêncio, mesmo que por alguns mínimos segundos, invade o cenário de caráter medieval que os rodeava, mas logo é interrompido por um barulho seco que vinha era acompanhado de um chiado parecido com o que se faz quando há uma movimentação entre vegetais.

Escutaram? - Mário coloca o indicar em frente aos lábios e percorre os olhos pelos rostos aflitos de Suzane eErick. -Shhh... 

O barulho ficava gradativamente mais coerente estando a cada minuto que se passava mais próximo ao som de passos.

Tem gente aí. - Fala Erick fitando o rosto apreensivo de Suzane.

- Quem será? - Diz Suzane em sinal de resposta, mas logo a seguir é repreendida pelo namorado.

Quietos... Vem, vamos nos esconder. Pela intensidade dos passos deles certamente eles virão para cá.

Os três se dirigem para o segundo cômodo da pequena residência medieval onde se encontravam. Erick se esconde embaixo de uma mesa larga de madeira, onde por cima estavam um copo de metal amassado e três pratos brancos de cerâmica sendo que o primeiro na seqüência da direita para a esquerda estava quebrado.Mário tenta ocultar sua imagem atrás de uma espessa e rústica porta de madeira, visivelmente desgastada e com algumas ranhuras possivelmente provocadas por combate, e puxa consigo Suzane, tampando-lhe a boca com uma das mãos.

O ruído dos passos ficava cada vez mais próximo, já dava para se notar que não era apenas um indivíduo bípede que avançava cada vez mais para próximo deles. Erick, por estar num local mais privilegiado consegue ver três pares de pernas, sendo que dois eram cobertas por um pano preto e azul escuro respectivamente e o outro descoberto. Os proprietários dessas pernas falavam algumas palavras das quais não dava para entender:

Risos - Maktub Asharm Dokemmasharm... - Gargalhadas...

'O que diabo eles estão dizendo?' Pensa Erick consigo.

Erick levanta vagarosamente o forro que cobria a mesa que lhe seria de esconderijo e então ele consegue ver três seres hominídeos. Um deles caminhava pelo cômodo primário da casa enquanto outro estava parado defronte para um terceiro indivíduo, que se assemelhava à uma mulher pelos seios, cabelos longos e formato arredondado do corpo.

Erick pensa: 'Meu Deus! Quem... O que são eles?!?'.

Uma das três criaturas se dirige para o outro cômodo, onde ErickMário Suzane se encontravam. Ele parecia estar sendo guiado pelo olfato. Ele dava longas puxadas no odor da sala e caminhava em direção ao segundo cômodo da casa, falando:

Hmm... - Ele Inspira - Mak Makakckash adorian. - E então esboça um sorriso. Logo os outros dois o acompanham.

As criaturas tinham formas hominídeas, mas tinham aparência deformada, sua pele era amarelada e sua orelhas em formato élfico. Se fossemos traçar um perfil comparativo com alguma criatura conhecida seria mais ou menos algo parecido com os Orcs da Trilogia Senhor dos Anéis, mas com uma taxa menor de deformação. A primeira criatura possuía calvície e era centímetros maior que as outras. A criatura feminina tinha seios fartos e cintura arredondada, mas sua característica mais marcante eram seus olhos fundos e nariz levemente torto. A terceira criatura tinha um porte maior e possuía alguns fios de cabelo na cabeça. Enfim eles entram no cômodo. A primeira criatura dá mais uma inspirada fechando os olhos como se sentisse prazer daquele cheiro podre que emanava.

Adomak.

Os outros dois gargalham. Eles então caminham curvados como animais bípedes até que param em frente ao corpo estirado no chão que Mário transportou.

Erick tremia. Estava com medo, medo que aumentava cada vez que as pernas das criaturas passavam de frente aos seus olhos e medo que multiplicou-se quando ele viu a mesa que lhe servia de esconderijo sendo içada com violência e arremessada contra a parede.

Makguiesharam the Makashdun Adomak. - A criatura com semelhança feminina fala isso e os outros dois olham para ela e em seguida para Erick que espelhava o terror em seu semblante.

EMM! - A criatura de maior porte fala em tom elevado.

Mário empurra a porta em um movimento brusco e fala com certa apreensão:

- Cuidado Erick, Eles vão te devorar!