Charles por um considerável espaço de tempo trocou olhares com Kate. Ele a conhecia e sabia o quão perigosa poderia ser, mas ele não queria ser interrompido, nem mesmo por ela. Kate então quebra o silêncio:
- Mak Makdoffash Däerun the Thektudish Opium. Zash Af Makdysh…
- Daggon’, Kate Daggon’... Ash makackash zesh Yoh, Babaürte Decmet Whorm Dez.
Erick, enquanto isso, tentava recobrar seus sentidos, Suzane tentava ao máximo não olhar para Charles eMário era o único que demonstrava interesse no diálogo entre Kate e Charles.
“Ele dilacerou Opium... Opium deve ser esse lugar aqui. E... a garota se chama Kate Daggon e foi campeã 12 vezes consecutivas de um torneio de lutas’...” pausa “ Caramba! Por incrível que pareça eu entendo perfeitamente o que eles dizem... É e Charles agora está conversando nessa língua estranha, isto reforça mais ainda minha tese, apesar de que depois de atacar o Erick eu não precise reforçar mais nada... Agora tenho que pensar em um jeito de sair dessa. ”
Kate caminhava em direção a Charles enquanto ele a olhava e afastava-se.
- Hu!
Kate estava sorrindo, um sorriso irônico. Charles conhecia a índole de Kate e sabia que não deveria se descuidar na presença dela e desfere, então, um corte lateral imprevisível contra o peitoral de Kate, mas ela foi rápida ao se esquivar e Charles não atinge nada a não ser o vento que soprava sutil. Kate sorria, estava gostando da situação.
- Meu Deus... - Erick rasteja tentando deslocar-se da área de combate, afinal ele não queria ser vítima de um golpe daqueles.
Com um golpe frontal Charles almeja atingir a ponta de sua adaga no centro do tórax de Kate, mas pela segunda vez não consegue sucesso. Kate era rápida e tinha excelentes reflexos. Com o cotovelo ela consegue interceptar o ataque que lhe atingiria em cheio o peito e devolve este com um soco que atinge certeiro o rosto de Charles.
E o combate se seguia. Kate tinha uma facilidade enorme no combate e Charles não conseguia atingir um golpe sequer na moça, ficando cada vez mais desesperado. Mário aproveita a situação e decide se afastar daquelas duas pessoas desconhecidas que travavam aquele combate, mas antes de qualquer movimento ele chama a atenção de Erick que estava imóvel observando Kate diretamente. Ele parecia impressionado, em transe.
Mário com dois leves empurrões tenta trazê-lo de volta à sanidade.
- O que foi Erick? Vamos sair daqui...
- Ela é muito gata, cara. E luta pra caramba!
- Que gata, moço! Vamos sair logo daqui, Erick!
Mário puxa Erick pelo braço quase o arrastando e segue com ele em certa velocidade para distante do casal que travava o combate. Suzane acompanha Mário com uma submissão impressionante que talvez fosse causada pelo medo que sentia naquele instante.
Charles recebia vários golpes em diferentes partes do corpo como resposta aos ataques infrutíferos direcionados à Kate. Ele é jogado contra a parede e em seguida recebe uma seqüência de três golpes no tórax. Charles já sentia uma dor tremenda devido aos golpes que recebera, decide ele então valer-se de sua mais nobre habilidade, a metamorfose.
Charles levanta devagar seu corpo e Kate,imóvel, apenas observa o ato de seu adversário. Ele com a força do próprio braço rasga a pele de lobo que cobria seu corpo. Seus músculos iam eclodindo um a um, conseqüência da proporção de força que enchia cada um desses músculos. No rosto de Charles brotavam pêlos castanhos, cobrindo-lhe parcela do rosto e sincronizando-se com a barba falha dele. Ele ofegava, exprimia de seu interior gemidos de sofrimento. Aos poucos o corpo robusto ia ficando maior e uniforme até enfim alcançar a forma de Glabro, ou quase-homem.
Charles completa sua metamorfose e avança hostil contra Kate. Em uma seqüencia de golpes com os punhos, Charles consegue demonstrar ter muito mais velocidade naquela forma que na forma original. Kateconsegue se esquivar com sucesso de apenas dois golpes, mas o terceiro a atinge em cheio o estômago. O oxigênio tem dificuldades para chegar aos pulmões de Kate deixando ela imóvel por alguns instantes. Tempo necessário para que ela receba outro golpe no rosto. Kate rasteja procurando não ser atingida por mais nenhum golpe surpresa e Charles segue Kate esperando o momento exato para o próximo ataque.
O ar parecia não se deslocar causando uma sensação seca na atmosfera do local do combate. Charles tenta novamente golpear Kate com o solado de seu pé esquerdo, mas ela desvia do ataque e em contrapartida atinge o rosto dele com um chute. Charles cambaleia para trás e proporciona à Kate o tempo necessário para que ela se levantasse. Charles, ainda de pé, avança e lança seu braço contra o rosto de Kate mas ela desvia fazendo-o acertar o vazio. Kate, aproveitando a posição curvada, soca a barriga de Charles que se curva imediatamente, mas em seguida é tirado daquela posição com um golpe vertical apelidado de “gancho”.
“Droga... essa forma não é o suficiente”, pensa Charles enquanto é curvado devido ao golpe no queixo. Kate, sem delongas, gira seu corpo e impulsiona seu pé contra o peitoral de Charles o jogando contra a parede. Logo em seguida leva sua mão esquerda de encontro com o pescoço de Charles imobilizando-o e em sua outra mão ela “aciona” suas unhas que ficam 8 centímetros maiores. Kate com suas unhas, que eram compostas de partículas de cálcio misturadas com Ghur (o metal mais resistente de Ornick) promove, com uma rapidez violenta, vários cortes horizontais na epiderme da barriga de Charles. Pouco a pouco ela ia aprofundando mais e mais os cortes até deixá-los suficientemente grandes para uma passagem de sangue em larga escala. E foi isso que aconteceu. Charles desaba no chão e de sua barriga começa a jorrar uma quantidade considerável de sangue, tingindo seu corpo e tudo ao seu redor de vermelho.
Charles desfalece devido à hemorragia e em poucos segundos morre.
Ocultos atrás de uma das construções, Mário, Suzane e Erick observavam atentos. Esse último, mais interessado que os demais, fixava o olhar propriamente em Kate, não dando o mínimo de interesse a Charlesjazendo ao chão. Erick impressionou-se com a beleza física de Kate e esse interesse pela garota recebeu maior ênfase assim que ele notou a grande habilidade em combate dela.
Kate volta pelo caminho de onde ela veio sem nem ao menos dirigir qualquer palavra ou olhar para algum dos três adolescentes que ela acabara de salvar. Até que Erick invoca a anteção dela:
- Oi, garota... - Erick chama por Kate. Ele sorri desejando complementar sua fala. Era assim que ele fazia cada vez que flertava com alguma garota e quase nunca falhava. Ele sabia que seu sorriso era uma forte arma no jogo da sedução. - Brigado, viu? Valeu por ter salvado a gente daquele cara lá. Posso saber seu nome?
Kate olha para Erick, um olhar profundo e essa é a única resposta que ela dá à pergunta anterior. Kate diminui o tamanho de suas unhas e segue seu caminho sumindo por entre as construções de Opium.
- Erick você enlouqueceu? - Diz Mário - Você não viu o que ela fez com Charles, não? Ou você deseja que algo semelhante te ocorra. Olha. - pausa e suspiro - Vamos combinar o seguinte, evitaremos toda e qualquer pessoa que encontrarmos. As pessoas desse lugar são muito imprevisíveis e perigosas.
Mário e Erick dialogam por alguns minutos sobre o ato de Erick e logo depois se sentam para projetar uma maneira de voltar para suas casas. Enquanto isso Kate voltava a passos lentos para seu chalé no meio da mata. Ela entra nele e seu primeiro ato é ir ao banheiro, banhar-se.
Enquanto banhava Kate é visitada por Terbs que aparece no espelho daquele banheiro, ela fica irritada, afinal ela odiava que qualquer pessoa invadisse sua privacidade, mas se enrola em uma toalha e resolve ouvir o que o Deus das Trevas tinha a dizer.
- Kate... O que você acabou de fazer?
- O quê, matar o Garou? Por que a surpresa, Terbs?
- Não. Não foi isso que quis dizer Kate... Os garotos...
- Que garotos?
- Aqueles que você acabou de salvar do Garou, Kate. Aqueles garotos...
- O que têm eles?
- Sabe quem eles são? VOCÊ SABE QUEM SÃO AQUELES GAROTOS...?
- Ei Eiiii... Manera no tom de voz Terbs. Você tá na minha casa... Hmpf...
- Kate eles são os garotos da profecia de Lunus... Eles são protegidos de Lunus, aquele, aquele... Grrr...
- De que diabos você está falando Terbs?
- A profecia do fim da guerra divina, ou seja, a profecia da minha derrota. Por que se ainda não notou... EU SOU O RIVAL DO LUNUS NESSA DROGA DE GUERRA!
- Então você quer...?
- Claro! Afff... Não acredito que você estava ao lado deles e não os matou, não acredito!
- Como eu ia saber...
- Achei que você fosse inteligente o bastante, achei que fosse...
Terbs após essa última frase desaparece de dentro do espelho tornando ele novamente na superfície opaca e refletora que sempre foi.
- Volta aqui, Terbs. DROGA! - Kate soca a superfície refletora do espelho convertendo-o em milhares de fragmentos banhados com o sangue da mão de Kate. - Droga...
Mak = Indica Presente (já, agora, nesse instante)
Makdoffash = Encontrei ( Mak = presente, doff = encontrar e ash = eu )
Däerun = Homem
the = pronome relativo (que, etc)
Thektudish = Estraçalhou ( Thek = Indicativo de Passado, Tu = Estraçalhar, Dilacerar e Dish = ele )
Zash = Meu ( Z = indicativo de pronome possessivo e Ash = Eu )
Af = Nome
Makydish = É ( Mak = Indicativo de Presente, Y = Ser e Dish = Eu )
Yoh = Fama
Babaürte = Campeão, Campeã
Decmet = 12 ( Dec = 10 e Met = 2 )
Whorm = Torneio
Dez = Luta
Hu = Sim
Ash = eu
Makakckash = sei ( Mak = futuro, akck = saber e ash = eu )
Zesh = Sua ( Z = indicadivo de possessão e esh = você )